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quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Laurence Ruet e suas bonecas



Laurence Ruet mora em Dijon, a uns 300 quilômetros de Paris. Ex-secretária, ela se apaixonou pela possibilidade de virar artista, criar algo muito diferente de um objeto tão simples como uma boneca.
Ela explica que as pessoas olham e meio que se apaixonam. É como se fossem chamadas, atraídas - não resistem.
O formato da cabeça é talhado numa bola de isopor, coberta de papel-alumínio. Depois é a hora de uma camada de massa de modelagem. Mesmo faltando as orelhas, o cabelo,dá para reparar como a expressão já é perfeita. E é o que toma mais tempo. É como se você estivesse não só olhando, mas sendo olhado.
Laurence Ruet foi se aperfeiçoando ao longo dos últimos 17 anos. Ao reparar os dedos, a mãozinha, a delicadeza, a perfeição da boneca, nota-se que é uma mistura de um trabalho de artista, mas também de artesã.
Tudo demora pra fazer. Cada uma precisa de 80 horas de trabalho, e assim ela produz sozinha não mais que 20 unidades por ano. Que podem custar até R$ 6 mil!
Uma coisa que chama atenção na expressão das bonecas de Laurence é que são raras as que estão sorrindo. E isso é de propósito, exatamente para distanciar o trabalho dela das bonecas comerciais que vemos nas lojas, que na maioria das vezes têm uma carinha com um sorrisinho. Aliás, isso é algo que as crianças sempre reparam e perguntam pra ela.

Laurence costuma dizer às crianças que elas não riem o tempo todo. E ela sempre diz não aos pais que pedem pra ela reproduzir a foto de um filho vivo ou que se foi.
“Não sou Gepetto”, ela diz. As bonecas dela não são Pinóquio que voltam à vida.

Mas em termos de expressividade parece que são vivas. Tímidas, tristes, emburradas, interessadas, sérias, sorridentes, misteriosas. Não somos todos assim?
Nós nascemos assim. No Rio, Lenira Alvarenga só faz bebês. Quer dizer, ela constrói bonecas que também parecem nenéns de verdade. Custam a partir de R$ 1 mil.
E, como nós, elas não podem ser copiadas.
“São obras exclusivas. Eu nunca mais vou conseguir fazer um bebê igual a esse aqui”, diz Lenira.
Lenira dá nome a cada um.
“A Scarlet deve está com dois quilos e quase três quilos. Deve estar com uns 2.800, pelo peso. Eu tenho tudo anotado”, diz ela.
Isso porque ela usa materiais pra dar mais peso a cada trabalho, com base nos bebês de verdade.
E todos saem daqui com fraldas, não só pras mãos dos clientes. Muitas vezes as bonecas saem de casa com ela.
“Quando eu saio com um eu não vou só pra passear. Não tô passeando. Eu tô fazendo uma compra, tô indo a um banco. E geralmente o gerente ou alguém de dentro do banco manda eu passar na frente, e eu falo: não, porque é uma boneca, não é uma criança”, conta Lenira.
Ednalva, que trabalha em creche, é uma colecionadora. Já tem cinco bonecas!
Sem filhos, ela diz que sente carinho pelos bebês de mentira.
Ednalva é mais um prova viva de que boneca tem sempre o seu valor.


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